domingo, 24 de novembro de 2024

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Educação: transformação digital é a chave para o desafio, ou é o próprio desafio?

Por professor doutor Ludovico Omar Bernardi, diretor acadêmico do Grupo MoveEdu

27/09/2024 às 15:44:38 | Por: Marcela Baptista

Educação: transformação digital é a chave para o desafio, ou é o próprio desafio?

Sobre Ludovico Omar Bernardi Doutor em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Nor (Marcela Baptista)

Se partirmos da premissa de que temos no Brasil 55 mil professores sem qualquer experiência no ensino a distância, já seremos induzidos a responder que é o próprio desafio. Somado a isso, temos que considerar o fato de que todo esse contingente docente, ao adentrar no espaço tecnológico, naturalmente, e por não ter sido formado para esse universo, será induzido a repetir o tradicional modelo de aula presencial, ou seja, expositiva, sem medida ponderada de atividades. Afinal, cada disciplina é a mais importante e o profissional não se formaria sem aquele pré-requisito. E, o mais trágico, o relógio sempre precisa andar e a carga horária prevista da matéria a ser cumprida em hora-aula. Desa forma, já nos será irrefutável que a transformação digital é o próprio desafio. Isso porque o principal ator do processo de ensino e aprendizagem não foi envolvido: o aluno. Ele, por sua vez, não foi convidado, envolvido ou despertado à interação.


 


Logo, essa transformação está bem aquém apenas da tecnologia. Em primeiro lugar, ela passa por um novo mindset, ou seja, uma mudança na forma de entender a sala de aula, percebendo que o papel do professor não é mais o de conteudista, mas de orientador, e não de protagonista dessa relação. Depois vem o domínio de metodologias ativas de aprendizagem, o desprendimento das velhas aulas expositivas e da falsa sensação de que uma orientação para ação não é eficaz para o estudante, que ele não será capaz de resolver sozinho uma situação problema, de que a experiência e a bagagem que ele traz consigo não servem de nada para a escola. Precisamos, aliás, formar mais estudantes e menos alunos, tirá-los da condição apática acadêmica e torná-los seres ativos, donos de seus próprios destinos, protagonistas de suas vidas.


 


Alguma novidade nesse cenário? Entendo que não, e se olharmos a história da filosofia, Sócrates já o fez sem internet, smartphones, microchips, tablets ou computadores. Se tivéssemos entendido o ser humano em construção lá atrás sinalizado e não tivéssemos nos rendido ao ímpeto de enclausurar nossos estudantes em verdadeiras caixas acadêmico-eclesiásticas, talvez a tecnologia, hoje, fosse apenas mais um meio para, de fato, formarmos seres pensantes. Consideremos, pois, que sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. Ademais, uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.


 


Sobre Ludovico Omar Bernardi
Doutor em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), graduado em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e em Publicidade & Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e graduando em Engenharia da Computação pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). Profissionalmente, é avaliador do INEP/MEC, é professor convidado dos cursos de especialização na modalidade MBA, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ministrando as disciplinas de Comunicação e Relacionamento Interpessoal, Comunicação Interpessoal, Empreendedorismo e Desenvolvimento de Novos Negócios, Comunicação na Era Digital e Comunicação Empresarial. Tem experiência na área da Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada e Semiótica, atuando principalmente nas seguintes áreas: Comunicação e Linguagem, Análise do Discurso, Redação Publicitária e Empresarial. Atualmente é diretor acadêmico do Grupo MoveEdu, detentor das marcas Microlins, Prepara Cursos e Ensina Mais Turma da Mônica, respondendo pelas graduações, pelos ursos técnicos e Educação de Jovens e Adultos (EJA).