24/09/2024 às 11:51:51 | Por: Gabriela Cuerba
Anna Sólyom nasceu em Budapeste e é graduada em Filosofia. Em 2012, pouco antes de se mudar para Barcelona, publicou em sua terra natal um ensaio chamado Pillowsophia. Além de escrever, Anna também é terapeuta, e ajuda as pessoas a encontrar seu equilíbri (VR Editora)
Prestes a completar 40 anos, Nagore, protagonista do livro Neko Café não sabe o que quer da vida. Após voltar à cidade natal de Barcelona, a mulher está endividada, sem emprego, sozinha e acha que nunca experienciou a verdadeira felicidade. Quase todas as noites antes de dormir, os problemas financeiros e os gatos da vizinhança, que fazem uma sinfonia à beira da janela, tiram o seu sono, aumentando o mau humor e tirando a energia para procurar emprego pela manhã.
Nesta ficção de cura, escrita pela filósofa húngara Anna Sólyom, as coisas mudam para a persoangem quando uma antiga amiga ressurge com uma oportunidade de emprego em uma nova cafeteria japonesa. Só tem um problema: o local é repleto de felinos e Nagore tem ailurofobia, ou seja, medo de gatos. Mesmo assim, para pagar as contas que se acumulam, Nagore vai trabalhar na Neko Café.
Publicada no Brasil pela VR Editora, esta obra, traduzida para 14 idiomas, acompanha a jornada de redescoberta de uma mulher madura que precisa repensar os próprios planos após ser abandonada pelo ex-namorado de longa data. Embora nutra uma profunda aversão aos bichanos, devido a um trauma de infância, à medida que a personagem se envolve no dia a dia da cafeteria, ela se vê confrontada com as próprias inseguranças e começa a perceber que os animais têm muito a ensinar.
— Talvez os gatos não entendam as palavras, mas são muito bons em ler emoções. Cappuccino captou perfeitamente que você está morrendo de medo e que não se moveria se subisse no seu colo. Por isso o fez. Ele sabe que você não vai machucá-lo e nem incomodá-lo [...] — Esta é uma lição importante que todos os gatos me ensinaram — falou Yumi, encerrando aquela breve cerimônia de apresentações. — Aceite-se como você é, e não precisará da aprovação dos outros.
(Neko Café, p. 23 e 24)
Com uma escrita bem-humorada e reflexões inspiradoras sobre a importância de encontrar pequenas alegrias em meio às adversidades, cada gato apresentado na história desempenha um papel simbólico no desenvolvimento pessoal e emocional da protagonista. Cappuccino, por exemplo, ensina a importância da autenticidade e de ser fiel a si mesmo, enquanto Fígaro, com sua confiança inabalável, inspira a moça a valorizar a própria autoestima e a cuidar-se.
Por meio de personagens cativantes e ensinamentos filosóficos dos gatos – como ser autêntico de coração, aceitar tudo com serenidade e nunca deixar de buscar novas oportunidades –, Neko Café lembra as razões para não deixar o medo dominar ou até causar paralisia em situações adversas. Anna Sólyom mostra que não é preciso ter sete vidas para ser feliz: os recomeços podem levar ao crescimento e felicidade, basta saber aceitar as mudanças e abrir a mente para novas experiências e desafios.
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